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BBDC4: Lucro recorrente de R$ 6,2 bi no 3T, alta de 18,8%

BBDC4: Lucro recorrente de R$ 6,2 bi no 3T, alta de 18,8%

30/10/2025

Lucro robusto, mas reação mista no mercado

O banco Bradesco (BBDC4) divulgou nesta semana que obteve no terceiro trimestre de 2025 (3T25) um lucro líquido recorrente de R$ 6,2 bilhões, representando uma alta de 18,8% na comparação anual
Apesar desse avanço expressivo, as ações reagiram de forma negativa no pregão — reflexo de que o mercado esperava desempenho ainda mais forte.

É um resultado que confirma a recuperação em curso da instituição, mas também revela que nem todos os indicadores evoluíram no ritmo desejado — ou, pelo menos, na velocidade esperada pelos investidores.


Detalhamento do desempenho no 3T25

Lucro e rentabilidade

  • Lucro líquido recorrente: R$ 6,2 bilhões.

  • Expansão anual de 18,8%.

  • Crescimento trimestral (em relação ao 2T25) de cerca de 2,3%. 

  • Retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE) ficou em cerca de 14,7%.

Margem financeira e receita de juros

  • A margem financeira (receita líquida de juros da carteira de clientes) atingiu R$ 18,7 bilhões, alta de aproximadamente 3,7% em relação ao trimestre anterior e cerca de 16,9% no ano.

  • O spread médio subiu para cerca de 9,0% na carteira de crédito de varejo, segundo dados apresentados. 

Carteira de crédito, inadimplência e provisões

  • A carteira ampliada de crédito cresceu cerca de 9,6% no ano, chegando a mais de R$ 1,03 trilhão. 

  • O custo de crédito subiu de 3,2% para 3,3%, refletindo provisões maiores para determinados segmentos, especialmente no agronegócio. 

  • A inadimplência acima de 90 dias (NPL > 90 dias) ficou em cerca de 4,1%, estável em relação ao trimestre anterior, mas com pressão em alguns nichos de crédito rural ou especializado. 

Eficiência operacional e custos

  • O índice de eficiência, que mede despesas operacionais em relação à receita, permaneceu próximo a 50%, sem ganhos expressivos de melhoria operacional neste trimestre. 

  • As despesas operacionais cresceram cerca de 9,6% no ano, acima da inflação, pressionadas por provisões e contingências. 


O que impulsionou esse resultado?

1. Expansão da margem de juros

O Bradesco conseguiu elevar seu spread médio, ao mesmo tempo em que captou recursos com custo relativamente controlado. Isso favoreceu a margem financeira. 

2. Qualidade da carteira sob controle

Houve avanço na migração para carteiras de menor risco (como consignado, rural garantido), além de redução da parcela de crédito reestruturado ou problemático. 

3. Segmento de seguros e serviços financeiros

O segmento de seguros (Bradesco Seguros) mostrou rentabilidade acima da média e contribuiu de forma relevante para o consolidado do grupo. 

4. Redução de agências e foco no digital

O banco intensificou a reestruturação de sua rede física e o investimento em tecnologia digital, buscando maior eficiência no médio prazo. 


Por que o mercado reagiu com cautela?

Apesar dos sólidos números, alguns fatores explicam a reação moderada das ações:

  • A expectativa de mercado era um lucro ligeiramente superior — por exemplo, estimativas de R$ 6,4 a R$ 6,5 bilhões. 

  • O crescimento trimestral de apenas 2,3% mostra que, embora o resultado tenha sido forte na base anual, o ritmo de avanço está moderado.

  • Pressão em provisões, especialmente ligadas ao agronegócio e operações especializadas, revela vulnerabilidades específicas. 

  • A eficiência operacional não avançou como alguns analistas esperavam, o que limita o impacto positivo líquido do avanço de receita. 


O que isso significa para o investidor de BBDC4?

Cenário favorável

  • A robusta elevação anual do lucro mostra que o banco está em trajetória de recuperação, o que pode reforçar a confiança no seu papel.

  • A carteira de crédito mais segura, a expansão da margem de juros e o crescimento nos serviços sugerem que há qualidade nessa evolução.

  • Se o banco continuar a cumprir seu plano de digitalização, corte de custos e foco em segmentos de alto valor, a rentabilidade pode subir ainda mais.

Atenção aos riscos

  • A reação cautelosa do mercado lembra que fatores como expectativas elevadas, eficiência ainda limitada e exposição a segmentos mais arriscados (como agronegócio) pesam.

  • Se o cenário econômico se deteriorar — por exemplo, aumento da inadimplência ou queda de spreads —, o impacto pode ser relevante para o banco.

  • A estrutura de custos e eficiência ainda apresenta margem para melhora; ausência de ganhos claros nessa frente pode limitar os ganhos para acionistas.

Recomendação prática

  • Para quem já possui ações BBDC4, esse resultado reforça a tese de recuperação, mas é importante monitorar a evolução dos custos e da inadimplência.

  • Para quem pensa em entrar, há argumento de que o valor está ajustando-se, mas talvez seja prudente aguardar confirmação de aceleração de crescimento trimestral ou de melhorias de eficiência.

  • Em carteira diversificada, BBDC4 pode cumprir papel de exposição ao setor bancário brasileiro com perfil de recuperação.


Perspectivas para os próximos trimestres

  • A expectativa dos analistas era um lucro de cerca de R$ 6,1 bilhões para 3T25 antes da divulgação — o que coloca o resultado em linha com as previsões. 

  • A continuidade da migração para carteiras de menor risco e o controle da inadimplência serão fatores-chave para sustentar o crescimento.

  • A velocidade de melhora operacional — na redução de agências, automatização de processos, digitalização — pode atuar como catalisador para um salto maior de rentabilidade.

  • Fatores macroeconômicos como taxa de juros, crescimento da economia brasileira e crédito ao consumo também afetarão diretamente os resultados.

  • A progressão do segmento de seguros e serviços associados pode se tornar cada vez mais relevante no mix de receitas do Bradesco.


Considerações finais

O resultado do terceiro trimestre de 2025 do Bradesco (BBDC4) mostra que o banco segue, de forma consistente, no caminho da recuperação: lucro líquido recorrente de R$ 6,2 bilhões, alta de 18,8% na base anual, carteira de crédito mais saudável, margens de juros maiores. No entanto, a reação cautelosa do mercado lembra que ainda há áreas a melhorar — principalmente em eficiência operacional e aceleração do crescimento.

Para o investidor, BBDC4 apresenta um cenário interessante de médio prazo, mas não é uma aposta sem riscos. A empresa demonstra resiliência e qualidade, mas a execução e o ambiente macroeconômico continuarão a atuar como condicionantes.

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